
Esse corvo é meu vizinho: nunca lhe fiz mal algum, mas ele tem o cuidado de se conservar no cimo das árvores, de voar alto e de evitar a humanidade. O seu mundo principia onde a minha vista acaba.
Ora, uma manhã, os nossos campos estavam mergulhados num nevoeiro extremamente espesso, e eu dirigia-me às apalpadelas para a estação. Bruscamente, à altura dos meus olhos, surgiram duas asas negras, imensas, precedidas por um bico gigantesco, e tudo isto passou como um raio, soltando um grito de terror que eu faço votos para que nunca mais oiça coisa semelhante. Esse grito perseguiu-me durante toda a tarde. Cheguei a consultar o espelho, perguntando a mim próprio o que teria eu de tão revoltante...
Acabei por perceber. A fronteira entre os nossos dois mundos resvalara, devido ao nevoeiro.
Aquele corvo, que supunha voar à altitude habitual, vira de súbito um espectáculo espantoso, contrário, para ele, às leis da natureza. Vira um homem a caminhar no espaço, mesmo no centro do mundo dos corvos.
Deparara com a manifestação de estranheza mais completa que um corvo pode conceber: um homem voador...
Agora, quando me vê, lá do alto, solta pequenos gritos, e reconheço nesses gritos a incerteza de um espírito cujo universo foi abalado.
Já não é, nunca mais será como os outros corvos..."
Louis Pauwels & Jacques Bergier - O Despertar dos Mágicos
A cada dia que passa também nós deixamos de ser os mesmos!
ResponderEliminarOu continuamos a ser os mesmos, mas diferentes...
ResponderEliminar;)
Há aqui qualquer coisa de Bilal!!! http://www.hakanuygun.com/blog/wp-content/uploads/2009/03/enki_bilal.jpg
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