11 abril 2013

Já podes ir...




O dia em que morri
E me despedi de quem um dia fui

Reencontrei-te em mim, tu que um dia morreste antes do tempo
Tu que ainda esperas o que não mais virá…
Hoje acolhi-te em meus braços e chorei…
Por ti, por mim…
Chorei a saudade, a dor, o desgosto, a injustiça!
E não te(me) quis largar e agarrei-te(me) com força!
Com que tenacidade!
Porque nunca antes te(me) tinha abraçado…
Esta menina esquecida e desamparada,
Que esta noite (me) reencontrei(ou) nos confins de mim mesma
A memória de ti(mim),
Sempre sozinha no meio duma multidão de gente
Gente que te(me) cuidava e te(me) prometia amar
Que se esqueceu de te(me) olhar
Gente também ela esquecida e desamada
E que nunca foi olhada,
Que não sabia como te(me) amar

Hoje é o dia em que eu morri e que te enterro a ti,
Que me despeço e que te(me) choro

Ficas bem minha menina?
Custa tanto deixar-te ir sem te poder dar uma história por viver…
Oh teimosia obstinada!
Oh esperança que mata lentamente…
Vais ter de renunciar, vais ter de aceitar…
Eu ajudo-te(me), agora estou cá eu

E hoje tem de ser, sabes?
Vou ter de te(me) deixar ir…

E enquanto choramos juntas, num abraço terno e doloroso de separação,
Deixo-te ir, deixo-te ficar onde um dia exististe e morreste antes do tempo
E deixo-te(me) ir com o abraço que nunca te(me) dei
Para que, pelo menos hoje, te tenhas sentido amada, acolhida e amparada

Porque o dia em que morreste foi o dia em que eu nasci
Hoje, que te acolho por uns segundos e te devolvo ao património da minha infância…
Não chores mais menina dos olhos de azeitona
Pois renasço eu para te poder continuar…

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