O dia em que morri
E me despedi de quem
um dia fui
Reencontrei-te em mim,
tu que um dia morreste antes do tempo
Tu que ainda esperas o
que não mais virá…
Hoje acolhi-te em meus
braços e chorei…
Por ti, por mim…
Chorei a saudade, a
dor, o desgosto, a injustiça!
E não te(me) quis largar
e agarrei-te(me) com força!
Com que tenacidade!
Porque nunca antes te(me)
tinha abraçado…
Esta menina esquecida
e desamparada,
Que esta noite (me) reencontrei(ou)
nos confins de mim mesma
A memória de ti(mim),
Sempre sozinha no meio
duma multidão de gente
Gente que te(me) cuidava
e te(me) prometia amar
Que se esqueceu de te(me)
olhar
Gente também ela
esquecida e desamada
E que nunca foi
olhada,
Que não sabia como
te(me) amar
Hoje é o dia em que eu
morri e que te enterro a ti,
Que me despeço e que te(me)
choro
Ficas bem minha
menina?
Custa tanto deixar-te
ir sem te poder dar uma história por viver…
Oh teimosia obstinada!
Oh esperança que mata
lentamente…
Vais ter de renunciar,
vais ter de aceitar…
Eu ajudo-te(me), agora
estou cá eu
E hoje tem de ser,
sabes?
Vou ter de te(me)
deixar ir…
E enquanto choramos juntas, num abraço terno e doloroso de separação,
Deixo-te ir, deixo-te
ficar onde um dia exististe e morreste antes do tempo
E deixo-te(me) ir com
o abraço que nunca te(me) dei
Para que, pelo menos
hoje, te tenhas sentido amada, acolhida e amparada
Porque o dia em que
morreste foi o dia em que eu nasci
Hoje, que te acolho por
uns segundos e te devolvo ao património da minha infância…
Não chores mais menina
dos olhos de azeitona
Pois renasço eu para
te poder continuar…
Muito bom...
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